domingo, 22 de novembro de 2009

As Faces da Sugestão

A observação da sugestão indireta como fator de ressonância social se faz especialmente pela repercussão dos produtos subliminarmente apresentados na mídia (TV, rádios, jornais, Internet etc.). Refiro-me à apresentação subliminar justamente por tratar-se do aspecto sugestivo indireto, o que não significa que a sugestão não esteja presente também numa forma direta de exposição – e como está!

No momento da decisão sobre este ou aquele produto, ainda que acredite que a decisão seja exclusivamente sua, o individuo está sob a força de sugestões que sequer se dá conta. Crenças formadas pela influência indireta contaminam-lhe o espírito e o poder de decisão.

A doutrinação publicitária por meio de comunicação de massa pode, e por vezes é, ser utilizada como um meio multiplicador de cultura e conhecimento, entretanto, repercute muito mais no campo do controle intencional sobre os grupos, como sementes lançadas ao sabor do vento que encontram o solo fértil, para germinar e frutificar. Assim, atinge cada um, isoladamente, em sua solidão. Promove o isolamento. Multidão de pessoas solitárias oferecidas ao nivelamento pelos meios de comunicação.

Quando a sugestão incide sobre multidões, palavras de ordem repetidas obsessivamente são instrumentos perfeitos para arrebanhar as pessoas para causas diversas, desde torcidas de um time ou modalidade esportiva até mártires religiosos ou políticos. O homem no meio da multidão assimila seu comportamento ao dos outros, e muitas vezes, abandona todo pensamento e todo querer pessoal, o espírito critico e o sentimento de responsabilidade, reduz a racionalidade e eleva o emocional. Mata e morre!

Um exemplo mundial deste efeito foi a influência da propaganda hitlerista que arrebanhou cidadãos do bem que se tornaram violentos, assassinos, estupradores e saqueadores, em nome de uma causa justa (?). Sabemos dos recursos de encenação visual, sonora e emotiva presente nos congressos de Nuremberg. Símbolos, discursos, saudações, cores e bandeiras e... furor emocional... maior a irracionalidade.

A sugestão sob o ponto de vista da psicologia e da medicina, tornou-se objeto necessário de estudo. O chamado efeito placebo¹ nas investigações de novas químicas exigiu a instituição do duplo cego² nas pesquisas científicas pelos vieses nos resultados. Na medicina, o ritual de prescrição e a magia que impregna o ato médico – que sugere em si a resposta ansiada pelo paciente – favorece o resultado antes mesmo da prescrição. Esta seja talvez a atribuição mais positiva de aplicação deliberada da sugestão, ou seja, os rituais de cura.

O tema sugestão é tão amplo e fascinante que seu estudo exige dedicação exclusiva de uma vida. A sugestão está e sempre esteve presente em nossas vidas determinando valores e crenças. É etérea, está no ar e sequer pode ser detectada. É uma realidade psicológica implícita no simples ato de existir, na mínima comunicação. Instrumento perigoso se ardilosamente utilizado.

¹ Efeito observado por força da sugestão que acompanha uma orientação médica, por exemplo, a administração de uma substância inócua (pílula de açúcar).
² Gerenciamento de pesquisa em que o gerente, o pesquisador e o sujeito da pesquisa não tem conhecimento um do outro, sem saber diferenciar o placebo da droga.

Por Paulo Madjarof Filho

sábado, 21 de novembro de 2009

Você Tem Medo de Baratas?

Antes de qualquer coisa, quero convidá-lo a uma reflexão racional, um apelo a sua inteligência. O que você sabe realmente sobre baratas? Antes de responder, lembre-se de ser racional, portanto evite descrições que pouco dizem respeito à barata – e descrevem muito mais o seu medo. Por exemplo, se você responder que a barata é “horrível” ou é “asquerosa”, você não estará falando da barata, mas de sua impressão sobre este inseto.

Vamos lá. Tente responder sobre o inseto “barata” com isenção emocional – uma pesquisa no Google pode ajudar! Sob a ótica de um biólogo, sucintamente, a barata urbana é um inseto de hábitos noturnos que se alimenta de pequenos animais ou vegetais mortos. Tem hábitos solitários, é ovípara e vive para comer e para acasalar. Certamente esta pesquisa pode ser ampliada para uma exploração ainda maior, no entanto, creio que essas informações bastam para o propósito desta explanação.

O mal conhecido que a barata pode causar ao homem não é muito diferente, e nem mais ameaçador, do que o mal que pode causar outros insetos análogos. A contaminação por bactéria – risco conhecido – certamente não é o fator relatado como o motivo do medo declarado. Ainda que sejamos conscientes dessa possibilidade, com certos cuidados habituais, sabemos quão reduzida ela é.

O que será que fariam as baratas se soubessem do poder que, pelo medo, lhe atribuem alguns homens? Talvez assumiriam esse poder, tornar-se-iam políticos e generais poderosos... Balela! A barata não tem e nunca terá essa força. Trata-se de um inseto solitário e extremamente assustado, medroso, a ponto de, sob ameaça, fingir-se de morto para garantir o direito à vida.

O medo de baratas pode ser analisado sob diferentes perspectivas. Primeiro que esse medo pode ser aprendido. Imagine que quando criança você viveu num ambiente em que tenha observado pessoas referentes, como pai e mãe, sob escândalo, subirem em cadeiras aos gritos de “mata, mata”. Como então você, ao observar este comportamento, irá internalizar essa experiência? Se as pessoas que você admira e que cuidam de você, gritam e temem este inseto, por que você fará diferente?

Uma segunda perspectiva de analise, diz respeito a um valor intrínseco favorecedor para a construção do medo. Numa experiência realizada por um pesquisador chamado Seligman, alguns cartões com figuras eram apresentados ao mesmo tempo em que um leve choque era percebido para algumas imagens. O choque apresentado, por exemplo, com a apresentação da imagem de uma flor (que pode até ser mais nociva que uma barata!), gerava menor aversão quando apresentada a figura de uma barata. Isso nos permite especular que existem condições que favorece a identificação negativa a certos elementos naturais, predispondo ao medo.

Outra possibilidade diz respeito ao trauma, que significa uma ruptura emocional. Do ponto de vista psicológico, a “quebra” se dá quando o quantum emocional é incompatível com o evento desencadeador, referindo menos ao evento e muito mais a emoção associada. Por exemplo, uma criança que tenha tido uma forte impressão ao observar uma barata sobre o seu brinquedo favorito e sente-se naquele momento, incapaz emocionalmente de lidar com a situação, podendo apresentar respostas inesperadas com repercussão futura. Passa então a evitar o ambiente, o brinquedo e situações associadas. “Barata”, por mecanismos psicológicos de distorção e generalização, passa a ser o “interruptor” que liga respostas futuras altamente indesejadas.

Então, como superar o medo de baratas? Não quero aqui ignorar a emoção humana e nem dar uma conotação banal às experiências relatadas por quem sofre desse medo. O fato é que o medo reside no significado atribuído e nunca – jamais – na própria barata. Fisiologicamente falando, se um indivíduo que tem medo de barata morrer, o medo morre com ele. Não ficará na barata e nem impregnado nas coisas do falecido.

A atribuição de um novo significado começa por um processo de racionalização do medo, ou seja, um novo entendimento para a apresentação de uma nova resposta. Se você quando criança teve medo de bicho-papão, deve ter sofrido um bocado com esse medo. Certamente pelos pacos recursos e a incapacidade indutiva lógica inerente à idade infantil, não conseguiu discernir entre o real e o imaginado, reforçando o medo. Pensava por exemplo, que o dito cujo do bicho-papão podia estar debaixo de tua cama ou subindo a escada de tua casa ou, certamente, abrindo a maçaneta da porta – que você jura de pés-juntos que ouviu. Decorrido os anos, na idade adulta, com muitos mais recursos de compreensão, você racionaliza a experiência vivida e pensa o quanto foi tolo e sofreu à toa.

Uma ajuda profissional para a superação do medo é sempre indicada. Recomendo que você busque orientação psicológica dentro de um referencial que trabalhe com mudança de significado, como por exemplo, a terapia cognitiva comportamental. Alguns recursos utilizados no processo terapêutico mostram-se altamente eficazes, como o recurso de hipnose. A psicoterapia com recursos de hipnose, permite a atuação no nível da impressão indesejada, modificando ou enfraquecendo o significado.

Por Paulo Madjarof Filho
Psicólogo Clínico e Mestre em Psicologia da Saúde com Dissertação sobre Hipnose.
Clínica com atendimento em São Paulo e em São Bernardo do Campo.
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Vôo Inaugural

O condor é o maior pássaro do mundo e é conhecido por sua envergadura e por construir seu ninho em penhascos escarpados com altitude próxima a 2000 metros. A mamãe condor cuida de um único filhote que é totalmente dependente até completar um ano, quando então, o "encoraja" ao seu primeiro vôo. O filhote, sem compreender, é atacado por sua mãe recebendo inúmeras bicadas na cabeça até que, atônito, na tentativa de esquivar-se, salvar-se, se lança ao precipício. Sem alternativas – e instintivamente, abre suas asas e é acompanhado por sua mãe em seu vôo inaugural. É quando o filhote condor descobre sua autonomia, sua independência. Compreende o mundo sob uma nova perspectiva tornando-se atuante. Desenvolve sua nova competência intrínseca – recém descoberta – de um pássaro extremamente hábil.

Assim como os filhotes de condores, muitas vezes nos prendemos a segurança de nosso “ninho” nos impedindo – ou retardando – a experiência de nosso primeiro vôo. É importante ressaltar que neste caso, o “ninho” tem uma conotação muito mais ampla por referir as situações de acomodação de nosso cotidiano, seja pelo trabalho que não mais gratifica – mas que insistimos em manter, o relacionamento que se faz por conveniência – que fingimos não incomodar, a obrigação determinada por aspectos subjetivos – pelo que é esperado que façamos – e fazemos!

O vôo inaugural nos assusta porque duvidamos de nossa capacidade de sustentação, de nos mantermos por nossas asas, de voar mais – e mais alto, com autonomia. Nos colocamos – e assim permanecemos, numa condição de absoluta dependência, autômatos, admirando os que já se lançaram ao vôo da auto-descoberta.

Portanto meu amigo, convido-o neste instante a uma reflexão; a observar com acuidade a extensão de suas próprias asas. Veja! Elas cresceram! Que tal experimentá-las? Que tal, a exemplo do condor, se lançar ao seu vôo inaugural?

Não entenda o meu convite à reflexão como uma apologia à inconseqüência, ao descaso, ao levianismo. Pense apenas sobre aquilo que ainda não sabe por não se permitir. Exerça a sua crítica pela vivência pessoal e não por impressões falaciosas e pelos modelos que sequer você optou – lhe foram impostos!

Acredite em sua capacidade condor. Liberte-se do medo, voe!

Por Paulo Madjarof Filho

Capacidade e Competência

Imagine-se conversando com uma lagarta que empreende esforços na ânsia de alcançar o topo de uma árvore pelo cumprimento de “sua missão existencial”. Se perguntada sobre a razão de sua obstinação em alcançar um determinado galho da árvore, o que será que responderia a lagarta?

Será que se lhe disséssemos que todo o seu empreendimento valerá a pena porque deixará de ser um ser rastejante para se tornar uma borboleta e que fará esse mesmo percurso ao topo da árvore num tempo menor, ela acreditaria? Será que acreditaria que o seu corpo pesado e lento será substituído por um corpo esguio de roupagem leve e colorida? Será a lagarta consciente de sua missão e de seu futuro?

Utilizo a história de vida de uma lagarta para propor uma reflexão sobre àquilo que ainda não sabemos em relação as nossas competências. Penso que a competência se diferencia da capacidade por entender que a capacidade é a semente – inerente a todos os seres humanos, e a competência é a germinação da semente, o desvelamento da capacidade – alcançada apenas por alguns indivíduos.

Assim, podemos buscar em nossa história de vida exemplos e situações em que as coisas não faziam muito sentido, não pareciam se encaixar e davam a idéia de um momento “sem saída”. Comumente nos damos conta, depois de certo tempo, que como uma peça avulsa de um quebra-cabeça que aparentemente não se encaixa, tem de fato o seu espaço e compõe um conjunto, dando sentido ao todo.

Portanto, converse com suas partes lagarta – que ainda não descobriram sua porção borboleta, e diga que o empreendimento de agora, por vezes angustiante e sem sentido, faz parte de sua auto-descoberta e conseqüente auto-conhecimento, de uma missão maior que ainda se mostra na forma rastejante e penosa. Ainda é necessário vivenciá-la para que em breve se transforme, para que veja o mundo sob uma perspectiva absolutamente diferente, para que sobrevoe a copa da árvore que hoje escala, visitando suas flores, replicando a vida.

Por Paulo Madjarof Filho

Chupa Essa Manga!

O bordão “chupa essa manga” repetido pela personagem Márcia do quadro de humor do programa de TV Zorra Total da Rede Globo, caiu na graça do povo e tornou-se motivo de brincadeiras, especialmente quando o assunto é traição. As explicações da personagem adúltera são tão absurdas e improváveis que reside justamente ai o ponto alto do quadro de humor. Chupa essa manga!

Como tantas outras situações de nosso cotidiano, a infidelidade tem sido razão de exploração de humoristas e vem sendo debatida por comportamentalistas e cientistas sociais, não por se caracterizar como um fato novo mas pela proporção assumida nas últimas décadas, especialmente pelo advento tecnológico e as relações on-line, colocando as pessoas sempre conectadas.

Constante nas leis dos homens e de Deus, o adultério ganha status de “caso” para atenuar a culpa outrora martirizante. A fragilidade da instituição família transformou as prioridades dos relacionamentos e supervalorizou os prazeres instantâneos em detrimento da cumplicidade e do companheirismo.

Uma pesquisa realizada pela Revista Veja apurou que 60% dos homens e 47% das mulheres já foram infiéis. A mesma pesquisa afirma que 60% dos homens e 55% das mulheres que não fazem parte dos números anterior, admitem que acalentam o desejo de viver uma relação extraconjugal. Chupa essa manga!

Iguais no que refere ao ato e diferentes nas justificativas e na intensidade de suas experiência, homens e mulheres, do ponto de vista social, encaram o ato da traição de maneira bastante particular. Por necessidades insatisfeitas, por pura fantasia ou mesmo perversões e descontrole de seus impulsos, a justificativa para a traição expõe o conflito entre desejo e a necessidade, o egoísmo e a dedicação, o fisiológico e o racional.

Quando me refiro à questão fisiológica penso no homem instintivo, ou seja, a ação deste pelos impulsos básicos, onde o macho da espécie Homem busca disseminar o seu sêmen para garantir a continuidade de sua linhagem. Investirá em quantas fêmeas puder para atingir este objetivo, já que é fértil todo tempo, independente de um período especifico. A fêmea por sua vez, escolhe o macho pela garantia da boa linhagem, do bom produto. Ao contrário do macho, a fertilidade da fêmea tem um período estrito que a predispõe ao acasalamento.

Só que esse Homem é racional e socializado (ou seria domesticado? – chupa essa manga!), criou leis e determinou padrões para comportamentos aceitáveis. Inventou a relação estável e modelos de conduta – que ele próprio não consegue cumprir. Os eunucos ou mesmo os celibatos de outrora nos dão a dimensão da dificuldade e do sacrifício de confiar ou manter-se fiel. Os homens incumbidos de cuidar das esposas dos sultões eram antes castrados de modo que não pudessem tentar o pecado. O termo pecado que está muito mais associado ao voto de castidade pela profissão de fé, representa a renúncia ao instinto e a tentação, como a representação viva da provocação do mal.

Mas no que refere propriamente ao relacionamento, a razão que leva duas pessoas ao desejo de compartilhar uma vida comum é sempre o oposto da razão que leva ao rompimento, a separação. Sabe-se que a infidelidade é um dos motivos mais fortes que conduzem os casais à separação judicial. A atenção, aceitação, afetividade, admiração, tolerância e o compartilhamento de experiências, são ingredientes essenciais para a manutenção, interesse e a longevidade de um casamento. Como diz uma famosa canção da MPB: “sim, é como a flor; de água e ar, luz e calor; o amor precisa para viver; de emoção, de alegria; e tem que regar todo dia”.

Psicólogo Clínico e Mestre em Psicologia da Saúde com Dissertação sobre Hipnose.
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pessoas de Bom Coração

Gentis e amáveis, as pessoas de bom coração trazem estampado a sua bondade como uma espécie de marca própria, facilmente identificável por quem se permite observar. Se doam de maneira incondicional e são, por excelência, altamente altruístas.

Uma pessoa boa, simplesmente é. Dá-se por completo e interpreta o mundo de forma simples. É essencialmente otimista e acredita que as coisas sempre podem dar certo. Utiliza as palavras corretas com docilidade e permite que, a simples evocação de seu nome ou imagem, acalente e tranqüilize os que o fazem.

Há pessoas boas que são como diamantes: preciosas, de grande valor que revelam a sua bondade a cada entalhe da lapidação da vida. Comumente relacionam o sofrimento vivido com aprendizagem, paciência e tolerância. Consolam pelo entendimento de que a dor eleva e que, por pior que seja, pode ser percebida como privilegio.

As pessoas de bom coração seguem a máxima cristã – mesmo que dela não tenham conhecimento: “não permita que saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”.

Movimenta-se no mundo com leveza como se o seu mundo obedecesse outra regra. São leves como se a lei da gravidade não se aplicasse a elas. Conhecem o significado do perdão – e talvez esse seja o segredo da leveza!

Eu conheço pessoas de bom coração! São abnegadas e usam sua própria escala de valor, baseada no bem – e nem por isso são tolas! Não temem a doença; zombam dela. Não sofrem; aprendem. Não lamentam; trabalham. Não duvidam; oram. Não se doutrinam; conversam com Deus.

Por Paulo Madjarof Filho
Psicólogo Clínico e Mestre em Psicologia da Saúde com Dissertação sobre Hipnose.
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